Nas últimas colunas eu citei as vantagens de utilizarmos as ferramentas disponíveis na internet – home brokers, comunicação móvel, web 2.0 (Twitter, Youtube, redes sociais…) e tendências para o futuro. Mas a mesma facilidade que esse universo oferece oculta alguns perigos relacionados à autenticidade e à veracidade das informações disponíveis na rede. Ao se publicar um texto ou qualquer dado na internet, por estarem atrás de um computador e não se exporem pessoalmente, os navegantes sentem-se protegidos por uma muralha intransponível, com a sensação de anonimato total.Há a percepção de que basta escrever um texto e assinar com qualquer nome, e a nova identidade está assumida sem ninguém perceber. Mas não é bem assim. A navegação pela web deixa rastros e com um pouco de investigação é possível identificar os verdadeiros autores.
Mesmo assim, diversas correntes de emails circulam na internet com textos – muito bem escritos, por sinal – contendo crônicas e colunas assinadas por jornalistas famosos como Arnaldo Jabor ou Luís Fernando Veríssimo, mas esses nunca fizeram ou tomaram conhecimento de boa parte dessas publicações. Um deles certa vez citou que foi abordado e parabenizado pela sua coluna sobre as mulheres e sobre os gaúchos que escrevera, mas, surpreso, logo ligou os fatos e entendeu que certamente se tratava de alguém querendo se passar por ele. É fato que, se eu escrever um bom texto e assinar com um nome de peso, essa informação será propagada mais facilmente pela rede. Boatos sobre o fenômeno de que o céu teria duas luas em agosto desse ano também fazem parte do lixo eletrônico que circula em nossas caixas de email diariamente.
É preciso cuidado também com sites de compras na internet, pois não são raros os casos de produtos fantasmas que aparecem anunciados. O comprador se interessa, efetua o pagamento, mas pode nunca receber a mercadoria. Dessa forma, toda precaução é fundamental. O melhor caminho é optar por lojas conhecidas ou, se possível, pagar somente depois do recebimento do produto.
Outro caso recente que pode ser citado é do piloto brasileiro Rubens Barrichello. Em 2006 ele abriu um processo contra o Google, administrador da maior rede social do País (Orkut), para que fossem retirados todos os perfis falsos relacionados a ele. Pessoas se cadastravam na rede e, ao preencher o nome e sobrenome, usavam a identidade do atleta. E, para piorar, os perfis continham frases difamatórias e nem um pouco gentis com o piloto. O Google perdeu o processo em primeira instância, mas recorreu dizendo que fornece apenas a ferramenta e não se responsabiliza previamente pelo conteúdo publicado pelos usuários.
De certa forma, o Google tem razão. Se um produto fantasma é anunciado em um classificado de um jornal impresso ou revista, seria justo a editora ser processada por veicular anúncios de produtos falsos? Quando a modelo Daniella Cicarelli teve sua intimidade exposta em um site de vídeos na internet, também recorreu à Justiça solicitando a remoção imediata dos vídeos, mas, uma vez na rede, o material se propaga em progressão geométrica e é impossível de se deter as transmissões.
Recentemente, a empresa de comunicação Máquina da Notícia encomendou uma pesquisa ao Vox Populi ouvindo 2.500 pessoas sobre a principal fonte de informação do brasileiro. Apesar de a TV ainda liderar o quadro com folga (55,9%), a internet aparece em segundo lugar com 20,4%, superando jornais (10,5%) e rádio (7,8%) juntos. E a tendência é que cada vez mais a internet se torne o principal meio de informação da população. Por isso, é preciso saber navegar na rede com olhar crítico, para poder distinguir quais informações são verídicas e quais são falsas.
“RUBENS BARRICHELLO EM 2006 ABRIU UM PROCESSO CONTRA O GOOGLE, ADMINISTRADOR DA MAIOR REDE SOCIAL DO PAÍS (ORKUT), PARA QUE FOSSEM RETIRADOS TODOS OS PERFIS FALSOS RELACIONADOS A ELE.”
Renato Vinícius Filipov é Diretor de Tecnologia da Máquina e pós-graduado em Engenharia de Software Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ITA
Fonte: Revista Moeda Viva
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