*Por Vanessa Portes
O Brasil passa por um momento de alerta em suas relações comerciais internacionais, com a queda da taxa de câmbio e o risco de desindustrialização perante economias mais competitivas. O Ministério da Fazenda, o Banco Central e todo o setor empresarial nacional se debruçam sobre um cenário extremamente difícil: uma economia dividida entre a crise internacional e uma indústria nacional combalida e, do outro lado, o aquecimento do setor de serviços e também do mercado de trabalho. Esses foram alguns dos temas discutidos na palestra Inteligência Comercial para Acesso aos Mercados Internacionais, promovida pela Fundação Instituto de Administração (FIA-USP), em 08/03. O evento contou com a participação de Patricio Mendizábal, que é representante oficial da IQOM (empresa de assessoria estratégica em matéria de comércio exterior) no Brasil, e Fabio Lotti Oliva, que é professor da FEA-USP e coordenador dos cursos de pós-graduação da FIA.
Segundo Mendizábal, que também é ex-presidente da Mabe Mercosul (grupo mexicano que produz os fogões e as geladeiras das marcas GE e Dako), um dos fatos mais preocupantes é que, em termos de volume, a corrente de comércio brasileira tem se mantido estável nos últimos anos. Diferentemente do que se diria sem uma análise cuidadosa dos números, a expansão ocorrida no valor total de recursos gerados com a exportação se deveu essencialmente ao aumento dos preços das commodities.
Apesar de estarmos na iminência de superar a França no ranking das maiores economias do mundo, a pauta de exportações e importações brasileira, da forma que está hoje, não favorece um crescimento sustentável da nossa economia, de acordo com Fabio Lotti Oliva. Segundo ele, continuamos muito focados ainda na exportação de produtos básicos, como commodities, e na importação de produtos manufaturados e de maior valor agregado. Os produtos manufaturados, por exemplo, representam menos de 30% de nossas exportações. No cenário global, também não estamos em uma posição confortável, até mesmo diante de outros mercados emergentes. No ranking das exportações de mercadorias de 2011 da Organização Mundial de Comércio (OMC), por exemplo, estamos ainda na 22ª posição, atrás de China (1ª), Rússia (12ª) e Índia (22ª).
Outro ponto interessante apresentado no evento foi a evolução da relação com nossos parceiros comerciais. Nos últimos anos, principalmente no governo Lula, o Brasil se aproximou de forma significativa da China e se distanciou dos Estados Unidos. Deixamos de ter o equilíbrio tão invejado internacionalmente antes nas relações de exportação.
Outros pontos de preocupação para a nossa economia foram discutidos nas palestras, tais como: a taxa de câmbio (que envolvem problemas como o financiamento da dívida do governo, as altas taxas de juros, o custo Brasil, entre outros), o risco de desindustrialização (perda da nossa capacidade produtiva frente a economias mais competitivas, como a China), o gargalo de infraestrutura e a queda de consumo mundial decorrente da crise econômica.
O cenário se apresenta, assim, como um grande desafio para o futuro da economia brasileira e também para o desempenho das empresas nacionais, sobretudo aquelas com atuação internacional. O governo vem anunciando diariamente medidas de incentivo para os exportadores brasileiros e de restrição de entrada de produtos manufaturados internacionais. No entanto, ainda há muito que se fazer, como as reformas estruturantes – tão esperadas no meio empresarial. É essencial que nós, profissionais responsáveis pela gestão de imagem dessas empresas, estejamos atentos a essa movimentação do mercado, como forma de pensar nas melhores estratégias de comunicação para todos os stakeholders.
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