*Por Camila Fernandes
O Grupo Máquina PR acompanhou nesta terça-feira (07/05), em Brasília, o debate sobre os impactos sociais e econômicos da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos no Brasil, durante o Seminário Internacional de Jornalismo Esportivo, Sociedade e Indústria. Promovido pelo Observatório da Imprensa e PROJOR, com apoio da Embratur e da Apex Brasil, o evento contou com a presença de repórteres e editores da grande imprensa, veículos e agências de notícia internacionais, além de articulistas e acadêmicos.
Apresentador da ESPN e colunista da Folha de S.Paulo, Juca Kfouri levantou polêmicas no painel “Megaeventos esportivos e Sociedade”. O jornalista definiu sua opinião sobre as irregularidades e gastos excessivos em andamento para receber os eventos mundiais de 2014 e 2016: “Não é justo responsabilizar a imprensa pela imobilidade do Brasil e do Governo!”.
Para Kfouri, não há nada que justifique um país, que sequer tem uma política esportiva, realizar uma Copa do Mundo ou Jogos Olímpicos. “O Brasil não foi, até hoje, capaz de democratizar o acesso à pratica desportiva ou mesmo pensar o esporte como forma de prevenção a saúde”, criticou, acrescentando que, segundo pesquisas, a cada dólar investido na prática de atividades físicas, o Governo poderia poupar três dólares na saúde pública.
Ao comparar a série de irregularidades cometidas atualmente àquelas ocorridas nos Jogos Panamericanos e repetidos erros da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, ele defendeu que o Brasil estaria apto a realizar uma Copa do Mundo, desde que fosse realizada de acordo com a realidade nacional: “Quando eu digo fazer a Copa do Brasil no Brasil é mostrar o país que somos, e não um país com mega arenas, mas puxadinhos nos aeroportos e o entorno com população pobre. Não adianta reclamar dos critérios da FIFA, nós mesmos nos colocamos nessa situação”.
Sobre a cobertura da imprensa, Kfouri amenizou o tom crítico e elogiou o trabalho realizado no sentido de informar a população. O jornalista se mostra animado com a Copa das Confederações e os próximos eventos esportivos, e aposta que será uma grande festa, destacando a hospitalidade brasileira: O povo brasileiro vai receber muito bem os atletas, delegações e turistas de todo o mundo, somos assim por natureza!”.
Democracia
Transparência foi a palavra de ordem na apresentação de Caio Magri, gerente executivo de políticas públicas do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, também convidado para o painel. O sociólogo encara a oportunidade que os dois megaeventos como a possibilidade é construir e aprofundar as instituições brasileiras, a democracia nacional e a participação da sociedade.
Magri defendeu três eixos de avanços fundamentais para o país: agenda ambiental; agenda de investimentos, com a geração de oportunidades, direitos humanos e inclusão social; além de uma agenda , que é a de um país com integridade nas relações público-privadas. Sob esse aspecto, destacou que o maior legado deve ficar no campo da transparência e do acesso à informação.
“Se vocês me perguntarem se temos esse cenário hoje, a resposta é não”, enfatizou. O sociólogo mencionou o projeto “Jogos limpos dentro e fora dos estádios”, que conta com comitês de organizações da sociedade civil em cada cidade-sede da Copa do Mundo na busca por um processo de diálogo e de ações locais com vistas ao desenvolvimento local. A inciativa envolve políticas regionais, planos diretores das cidades e questões culturais da população.
Os prefeitos desses municípios, de acordo com o convidado, assumiram o compromisso de criar mecanismos para garantir maior transparência dos recursos públicos, com divulgação permanente de decisões e aplicações da verba em torno da matriz de responsabilidade da Copa do Mundo. “Isso passa a ser um instrumento de controle e de participação para os brasileiros. É preciso reconhecer o avanço para alcançar processos de transparência em atos jurídicos e estatais nos últimos três anos, mas ainda falta muito.”
Ao final de participação, Magri lembrou que os jornalistas têm monitorado e cobrado de forma permanente os resultados nas obras em todo o país e deixou um recado à plateia, em sua maioria formada por profissionais de Comunicação: “O jornalismo tem um papel fundamental a cumprir na Copa do Mundo e nas Olimpíadas: temos de incluir e informar a sociedade sobre todos os acontecimentos, mantendo sempre aceso o processo investigativo e a notícia como interesse público”.
*Camila Fernandes é diretora de atendimento da Máquina Brasília
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