400 Curvas Para a Esquerda

Por Luís Ferrari

Corrida de automóvel é uma competição que está no DNA do público brasileiro e não é por outro motivo que o GP do Brasil de F-1 é a prova não europeia que há mais tempo figura no campeonato mundial. Ainda assim, a maior categoria do esporte a motor no mundo em termos de giro financeiro é virtualmente desconhecida no país.

Por esta razão, comunicar a nova etapa da carreira de Nelsinho Piquet na Nascar embute um trabalho de didatismo para o público e mídia no Brasil. Não basta contar que o piloto largou em quarto e chegou em terceiro lugar e acrescentar uma declaração dele sobre as provas. É necessário mostrar por que 400 voltas para a esquerda (e nenhuma para a direita) numa pista oval, em corridas que podem levar três horas e ser interrompidas até dez vezes por bandeiras amarelas são uma competição esportiva única e empolgante.

Ciente do desafio, o piloto solicitou à MSports a organização de press trips com a mídia especializada, para algumas de suas corridas na temporada 2011 da Nascar Truck Series. Mais do que simplesmente cobrir corridas, a imprensa convidada tem uma ampla programação para conhecer de perto o segundo principal esporte americano. Visitas às equipes, ao museu da categoria, aos coordenadores de mídia da competição e ao centro de pesquisa e desenvolvimento da Nascar são importantes para os jornalistas entenderem – e repassarem ao público final – que estão diante de uma nova fronteira do automobilismo brasileiro.

Um dos primeiros relatos de jogo de futebol publicados no Brasil não informava o placar do jogo e descrevia a partida como se fosse uma corrida de cavalo, que era a disputa mais corrente no país na virada do século 19 para o 20. A cultura boleira se impôs, e hoje quem não sabe o que é um goleiro é percebido praticamente como um etê.

Feitas as óbvias ressalvas cabíveis, o trabalho da MSports no sentido de incutir no público brasileiro a cultura da Nascar, que tem Nelsinho Piquet como embaixador no país, visa mostrar que 400 curvas para esquerda (e nenhuma para direita) são um grande barato.

Gestão de Crises em Redes Sociais

por Priscilla Saldanha

Tive a oportunidade de assistir a uma palestra com Martha Gabriel, professora, consultora e palestrante de Marketing Digital e Mídias Sociais. O encontro foi promovido no final de fevereiro pela Universidade Anhembi Morumbi e teve como tema central a Gestão de Crise nas Redes Sociais. Na ocasião, Martha falou sobre como as organizações devem lidar com a construção da reputação na web.

A professora iniciou o encontro mostrando os quatro componentes para se detectar uma crise: ameaça, elemento surpresa, decisão em curto prazo e necessidades de mudança. Ela alerta que se está acontecendo algo negativo com sua marca ou produto/serviço, é porque está no momento de realizar mudanças e que, muitas vezes, a crise vem para sabermos que essa hora chegou: “Crise só é crise se houver necessidade de mudança na organização”, registra Martha.

Diante dessa situação, a organização precisa realizar uma análise de cenário para descobrir porque a crise está acontecendo, quem são seus principais disseminadores, se é preciso intervir ou esperar algum tempo e verificar se o caso é localizado ou se já ganhou uma dimensão maior. Sendo assim, é possível decidir qual a melhor maneira de intervir.

Martha Gabriel analisa que as empresas estão com medo, pois a internet subverte hierarquias, além de forçar as empresas a adquirirem intimidade com seus consumidores. Para que a crise “fique longe”, ela aponta que é preciso planejamento, humildade, honestidade, abertura para o diálogo e ponto de vista: “Estimular a conversa é um hábito sadio e que contribui para a credibilidade da sua comunicação”.  

A Revolução dos Tablets

Por Renato Vinícius Filipov, Diretor de Tecnologia do Grupo Máquina. Texto publicado na Revista Moeda Viva, novembro/2010.

O gadget do momento é o tablet. Ok, há muita palavra nova em uma só frase, mas temos que nos acostumar pois, no tempo em que vivemos, cada dia há um novo termo a incluir em nossos dicionários. “Gadget” é a palavra que define os dispositivos eletrônicos mais quentes e desejados do mercado. Também se aplica a alguns programas de computador, mas quando se referem a eletrônicos, normalmente são aqueles aparelhos novíssimos, repletos de novidades e que fazem parte dos sonhos de muitos aficcionados por tecnologia e entusiastas do mundo moderno. 

Os “Tablets PC” não são propriamente uma novidade, mas o bom gosto e a divulgação muito bem feita pela Apple do seu iPad chacoalharam o mercado mundial. E foi muito além da tecnologia, afetando diversos setores que não podíamos nem imaginar. 

Esses aparelhos são como laptops, mas sem teclado ou mouse. Parecem uma prancheta eletrônica. A tela é menor (em geral entre 7 a 10 polegadas) e é sensível ao toque, ou seja, o usuário interage com o equipamento usando seus próprios dedos em contato com a tela. O “teclado” se projeta na tela, e a interface fica perfeita. Dessa forma, são aparelhos super portáteis, leves e com a capacidade de executar centenas de tarefas. 

Há alguns anos fala-se em “e-books” ou “livros eletrônicos” que poderiam substituir as revistas e os jornais no futuro. Vejo as duas mídias se complementando ao invés de matarem umas as outras. Os tablets também executam essa tarefa, mas vão muito além. Ler um livro ou o jornal do dia nesses aparelhos é uma experiência fantástica, além de ter fácil acesso aos seus e-mails, navegar na internet, interagir em todas as redes sociais, visualizar fotos, assistir filmes em boa definição e armazenar milhares de músicas em sua memória. Isso sem falar em programas desenvolvidos por terceiros que podem ser instalados facilmente: jogos eletrônicos, editores de textos e planilhas, calculadoras científicas entre muitas outras opções. 

Esse vasto leque de opções sacudiu toda a economia. Empresas que atuam fortemente na web agora possuem um (bom) problema em mãos: quem lançar soluções próprias diferenciadas e criativas para explorar as oportunidades desse novo mercado poderá morder uma boa fatia do bolo. Entrar depois que o bolo estiver cortado pode deixar sua empresa somente com as migalhas. 

Depois do enorme sucesso do iPad, os gigantes da tecnologia começaram a se movimentar para criarem seu arsenal anti-Apple. A Dell promete lançar pelo menos dois tablets nos próximos meses, enquanto a Microsoft, HP, Samsung, Sony e outras do ramo já possuem suas soluções (ou estão prestes a sair do forno). Esses aparelhos não são tecnicamente fantásticos (devido à limitação de tamanho e ergonomia), mas cumprem com extrema eficiência o que se propõem a executar. A briga promete ser boa e, com mais opções no mercado, quem sai ganhando somos nós, consumidores. 

Somada a essa nova plataforma digital, recentemente a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) divulgou um anúncio de que o Brasil terá a telefonia celular de quarta geração (4G) em funcionamento até a Copa de 2014. Vamos a alguns números para tentar explicar o impacto dessa novidade. Atualmente, os celulares mais modernos utilizam a conexão 3G com a internet. A conexão 4G atinge de 100 a 5.000 megabits por segundo (Mbps) e é pelo menos 10 vezes mais rápida que as conexões dos nossos celulares e tablets atuais. Ou se ainda é pouco, os dados em 4G vão trafegar 100 vezes mais rápidos do que o acesso mais simples de banda larga que temos disponíveis em nossas casas. É muito rápido. 

Imaginando um cenário repleto de tablets se comunicando a 4G (ou até mesmo nos 3G atuais), é possível visualizar diferentes plataformas se comunicando em tempo real, trocando informações e dados em uma única rede mundial. Será possível realizar um check-up de rotina sem sair de casa, plugando sensores nesses gadgets que enviarão os seus dados vitais em tempo real para o seu médico. Visualizar câmeras e condições das rodovias no meio do caminho ou a popularização de aplicações de ensino à distância também são possibilidades reais. Ou no âmbito corporativo, realizar reuniões à distância com vídeo e voz será tão comum quanto falar ao telefone é hoje, e a experiência nas redes sociais nunca mais será a mesma. 

Finalizei minha coluna de fevereiro de 2009 com a seguinte frase: “é certo que um dia você ainda terá um smartphone, resta saber quando”. Hoje em dia são raros os empresários e pessoas que dependem da comunicação que conseguem viver sem um smartphone (BlackBerry, iPhone, HTC e muitas outras marcas). Não podemos dizer o mesmo para os tablets, já que o alcance deles não é tão amplo assim devido ao alto custo e a sua utilidade menos essencial do que um telefone celular proporciona, mas que eles vieram com força total e com um enorme potencial a ser explorado, isso é inegável.